O Primogênito de Deus e outros contos.

Geraldo Leitão

Do conto “Metal e Musgo”

“Filho bastardo do conde austríaco Hernest Von Ribbentrop e uma negra escrava, o homem deste conto chamava-se Hudo Von Ribbentrop Zulumaiê. O conde fora justo embora covarde em seu destino de pai. Aos 82 anos, mandou trazer o filho e a escrava das terras onde cultivava uvas e os reconheceu. Em seguida matou-se.”

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SOBRE

o autor

José Geraldo da Costa Leitão:

Nasceu em São Paulo em 1951. Advogado, formou-se pela tradicional PUC - SP, reduto de parte do que houve de melhor na luta estudantil pela democracia, pós graduou-se pela UFSC; participou ativamente dos movimentos sindicais libertadores que ajudaram a reconduzir o Brasil à liberdade.

Geraldo Leitão lança agora, aos 72 anos, “O Primogênito de Deus”, um livro de contos premiados. Um desvio psicológico impediu-o de fazê-lo antes. Felizmente, a vida o auxiliou com suas adversidades inevitáveis.Geraldo Leitão concluiu que sofrer é necessário e é quase bom. No conto “Desagarrou da Grade”, ele escreve que é possível evoluir sem sofrer, mas a dor também é uma possibilidade a não desconsiderar. "Se ela vier, aproveite-a”

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Do conto “Antônio Beiral”

“A mãe de Antônio Beiral foi Maria de Las Dolores; teria sido dela a culpa pelo mal psiquismo de Beiral, agredido por um evento triste: durante toda a sua infância não se soube por onde Las Dolores andava – se viva –, ou por onde vagava – se morta.”

Do conto a Inversão dos Signos

“Nunca, desde a ressurreição de Cristo, se soube de traição maior que a de Judas Iscariotis, nenhuma é mais vil. Entretanto, esses fatos só existem nas pregações pagans. Judas não beijou o rosto de Jesus para identificá-lo aos soldados romanos. Ele aproximou os lábios do rosto Dele para segredar‑Lhe ao ouvido o perigo que corria. Judas nunca traiu Jesus.”

 

Do conto “Nas Planícies de Cister”

Os soldados romanos se sentiam inferiores ao seu comandante, os guerreiros bárbaros se viam e ao seu líder com os mesmos vícios de que tanto se orgulhavam, só que maiores os do líder gaulês. Os soldados romanos iam morrer por Cesar, os bárbaros e seu chefe iam juntos acirrar a morte.  Talvez sejam esses os valores que a civilização soube superar em nome da eficiência; talvez aí sua desalegria.

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O Flamboyant

O medo humano não se destina só à evitação da dor e da morte, mas do insucesso e do opróbrio e principalmente da miséria. Daí o porque da loteria. Borges relata com gravidade que as loterias fracassaram porque sua virtude moral era nula, dado que não se dirigia a todas as faculdades humanas mas unicamente à esperança. A esperança também  é uma contra-fração do medo.

Um flamboyant cresce em muitos anos; há quem os plante e nunca os veja adultos. A flor do flamboyant é das mais belas da natureza e é fascinante o contraste entre o verde‑musgo das folhas de sua árvore e o vermelho‑escarlate de suas pétalas. Duncan Catto não alcançava as flores no pé muito alto, ele as colhia ainda frescas e intocadas quando chegavam ao chão, porque eram leves e suas formas lhes permitiam planar rodopiando suavemente. Deus copiara esse engenho do magnífico Leonardo Da Vinci, que recortara um circulo de papelão em roda‑moinho e fixara uma haste ao seu centro; quando largado do alto o objeto descia suavemente girando em torno de si.

Ou talvez não copiara desde que Da Vinci teria sido uma das formas de Deus.

Duncan Catto Del Amerccos Tia era um pobre vendedor de flamboyants que ninguém julgaria ser Amóz de Venetto, filho de si mesmo, logo, sem avô. Era filho de si porque ao nascer seu pai o renegara ante tanta feiura que ele era, e ele, no desespero da busca pelo amor do pai, fora‑se da casa paterna por muitos anos. Quando voltou, menos feio, disse ao pai que era seu neto. Mas não era: era ele. E uma vez arraigada em sua vida a persona em que se transformara, mesmo após o passamento do pai não se livrou dela e ficou para sempre sendo o seu próprio filho.

Amóz de Venetto acordava antes do fim da noite, colhia em seu cesto os flamboyants que no escuro voaram para o chão e empreendia a longa caminhada que há anos todos os dias o levava à cidade e, na praça do meio, sentava‑se no chão e arranjava os flamboyants na grama, reproduzindo arrebatado o contraste entre o verde‑musgo e o vermelho‑escarlate, e ficava o dia inteiro sentindo a pena que as pessoas sentiam dele. No início da tarde ele almoçava uma salada feita na mão, de pétalas de flamboyant, azeite e sal, estes que lhe dava a caridade de Ana Paôla que ele desconfiava temeroso que o amasse. E voltava para casa ao fim das tardes com o cesto vazio vendesse ou não os flamboyants, porque os que não vendia murchavam. E antes da noite chegar comia outra vez salada, sem o azeite de Ana. Estes fatos eram toda a sua vida. Ele não era feliz nem triste, não tinha sorte nem azar, ainda não era velho e já não era moço, não tinha dinheiro nem precisões. Deus não lhe dera loteria alguma; era um homem sem destino, o único em todo o universo.

A soberba e a inconsequência são incompatíveis com a divindade, daí que Deus tem deveres para com os homens. Amóz Lhe cobrava, sem saber que o fazia, com seu contido sofrimento, alguma loteria. A certeza absoluta do futuro é contrária à criação e ao gênio e torna a vida uma vida que não anda, não muda. Deus devia a Amóz alguma loteria.

Naquela manhã, ao arranjar na praça do meio o contraste entre o verde musgo e o vermelho escarlate, Amóz olhou à sua esquerda e viu, quase pisando em seus flamboyants, os pés e as pernas de Ana; sentiu vontades que desconhecia e uma parte do seu corpo se enrijeceu. Deus dera‑lhe a loteria.

 

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